Perspectiva

As ligações entre a matemática e as artes visuais têm sido evidentes desde os tempos mais remotos. Uma característica notável da pintura renascentista consiste no facto de, pela primeira vez, artistas ganharam interesse em descrever objetos tridimensionais de forma realista, dando profundidade visual às suas obras. Isto conduziu ao estudo da perspetiva geométrica.

O primeiro artista a investigar a perspetiva de forma mais rigorosa foi o artesão e engenheiro Filipo Brunelleschi (1377-1446), que projetou a cúpula octogonal auto-sustentável da catedral de Florença. As suas ideias foram desenvolvidas pelo seu amigo Leon Battista Alberti (1404-1472), que apresentou regras matemáticas para a correta pintura da perspetiva, afirmando em seu Della Pittura que "o primeiro dever de um pintor é saber geometria”.

Piero della Francesca (1415-1492) descobriu uma grelha de perspectiva, útil para as suas investigações geométricas, e escreveu De Prospectiva Pingendi [Da perspetiva da pintura] e Libellus de Quinque Corporibus Regularibus [Livro sobre os cinco sólidos regulares]. A sua “Madonna e Criança com Santos” (1472) está em perspetiva matemática perfeita.

O outro título nos selos de Piero é De Divina Proportione [A Proporção Divina] (1509) por um amigo de Piero, Luca Pacioli (1445-1517), o segundo monge representado a partir da direita. As xilogravuras de poliedros neste livro são de um amigo e aluno de Pacioli, Leonardo da Vinci (1452-1519), que explorou a perspetiva mais profundamente do que qualquer outro pintor renascentista. Em seu Trattato della Pittura [Tratado de Pintura] da Vinci advertiu: "Que ninguém que não seja matemático leia o meu trabalho".

[Itália 1972, 1977; Mónaco 1969; San Marino 1992]


Publicado/editado: 02/08/2015